A proposta de reduzir a jornada de trabalho para 36 horas semanais, com a extinção da escala 6x1 e a adoção da escala 4x3, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), tem gerado um debate acalorado no Brasil. A PEC, que visa garantir mais tempo livre para os trabalhadores, promete um cenário ideal de mais descanso e consumo, mas especialistas alertam para os desafios e possíveis consequências negativas da medida.
A proposta, que prevê três dias de folga a cada quatro trabalhados, tem sido vista por muitos como uma solução mágica para os problemas da classe trabalhadora. No entanto, a PEC ignora a realidade das empresas, principalmente as micro e pequenas empresas (MPEs), que representam 99% dos estabelecimentos no Brasil e são responsáveis por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado.
A baixa produtividade do trabalhador brasileiro, apontada por um levantamento da Fecomercio/SP, que indica que o brasileiro leva uma hora para produzir o que um americano faz em 15 minutos, também levanta questionamentos sobre a viabilidade da proposta. A redução da jornada de trabalho sem um aumento proporcional da produtividade pode resultar em perdas para as empresas, que teriam que arcar com os custos de salários sem a mesma produção.
A PEC também ignora o fato de que o principal fator que tem impactado a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é o medo do desemprego. A redução da jornada de trabalho poderia levar à redução de postos de trabalho, o que agravaria a situação econômica e social do país. Além disso, a proposta não apresenta soluções para as empresas que não conseguirem se adaptar à nova realidade, o que pode gerar um aumento do desemprego e da informalidade.
A proposta de Erika Hilton, embora tenha boas intenções, carece de um estudo aprofundado sobre as reais consequências da sua implementação. A redução da jornada de trabalho é um tema complexo que exige um debate amplo e responsável, levando em consideração os diferentes setores da sociedade. A busca por um equilíbrio entre os direitos dos trabalhadores e a sustentabilidade das empresas é fundamental para garantir um futuro mais justo e próspero para o Brasil.
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